“Reflita
no que estou dizendo, pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo”. 2
Timóteo 2.7
“Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças”. Marcos
12:30
Um dos principais desafios em nossa
caminhada cristã continua a ser a busca por um relacionamento mais
harmonioso e equilibrado entre os vários componentes de nossa identidade
(ser) e de nossa prática cotidiana (fazer). Em termos gerais nossa
tendência, muitas vezes em resposta a situações circunstanciais, é a de
nos abrigarmos mais perto de um ou de outro extremo, e isto acaba
dificultando este viver mais integral (integrado no ser e integrador no
fazer).
A relação entre a fé e a razão, entre o crer e o pensar, pode
exemplificar bem este desafio, tornando-se uma “arena” para uma ferrenha
luta em busca de conciliação. E nessa “luta”, como já mencionado,
alguns tendem ao anti-intelectualismo estéril, como se a vivência da fé
excluísse automaticamente qualquer “aspecto racional”; e outros se
aproximam de um “racionalismo” igualmente estéril, que decreta a prisão
da fé aos escrutínios da razão.
O apóstolo Paulo buscou chamar a atenção de seu jovem discípulo, que ficara em Éfeso, para este importante equilíbrio bíblico envolvendo o esforço humano e a ação divina. Pois, para Timóteo compreender a verdade presente nos ensinamentos do apóstolo, dois processos se farão necessários – um humano e outro divino: reflexão (humana) e iluminação (divina).
O apóstolo Paulo buscou chamar a atenção de seu jovem discípulo, que ficara em Éfeso, para este importante equilíbrio bíblico envolvendo o esforço humano e a ação divina. Pois, para Timóteo compreender a verdade presente nos ensinamentos do apóstolo, dois processos se farão necessários – um humano e outro divino: reflexão (humana) e iluminação (divina).
Como movimento cristão militando na esfera estudantil, acabamos nos
encontrando no “olho do furacão” desta discussão. Claro, aqui só podemos
lidar com este assunto de uma forma mais superficial, pois ele abriga
várias nuances que podem gerar “desafios colaterais”, ou seja, elementos
que vão acabar se tornando tanto complicadores quanto oportunidades
para a nossa tarefa evangelizadora e discipuladora.
Como uma contribuição a esta discussão, a ABU Editora recentemente
lançou, com o apoio da Editora Ultimato, uma edição especial e comemorativa do clássico “Crer é também
pensar”, de John Stott. O livro, publicado originalmente em 1972 na
Inglaterra, tinha como um de seus objetivos desafiar seus leitores a
buscarem um posicionamento mais equilibrado no que diz respeito ao papel
da nossa mente (razão) na vida cristã, então relegada a uma posição
inferior. Como podemos facilmente perceber, o livro continua atual em
nossos dias! E alguns grupos da ABUB, como a ABU São Paulo, resolveram
homenagear a importância do pensamento e do legado de John Stott,
utilizando este título como tema para o ano de 2012.
O título em português deste pequeno e essencial livro acabou se
transformando numa espécie de “expressão axiomática” para nos lembrar
constantemente de que não devemos separar aquilo que Deus nunca separou!
Aquilo que Ele criou para ter integralidade. Neste caso específico
estamos falando da relação entre fé e razão, mas também podemos pensar
em uma amplitude muito maior, como em “crer é também amar” (cuidado
social), ou “crer é também preservar” (cuidado ambiental). Enfim,
poderíamos “brincar” com esse “axioma”, pensando em várias atividades
nas quais estamos envolvidos no nosso dia-a-dia; mas o fundamental é
levarmos a sério este chamado, que perpassa toda a Escritura, para
considerarmos todas as áreas de nossa vida a partir de uma perspectiva
integrada e integradora. E isso só é possível em e por Cristo! Pois
“nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra”, e “foi do
agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele
reconciliasse consigo todas as coisas” (Colossenses 1.15-20).
Nossa preocupação com esta perspectiva integral, junto com nosso
desejo de que os estudantes entendam melhor esse chamado bíblico,
estarão presentes nos próximos dois encontros da ABUB – o Congresso
Nacional 2012 e os Cursos de Férias, onde estaremos estudando
respectivamente a primeira epístola de João e a epístola de Tiago. Ambas
as cartas, enquanto enfatizam a importância da correta doutrina
(ortodoxia), também insistem na igual importância de uma correta prática
diária (ortopraxia). Como nos lembrou John Stott, “não adianta
afirmarmos que conhecemos a Deus e que somos seus filhos se nossa vida
não for caracterizada por justiça e amor, em adição à nossa ortodoxia
cristológica” (A verdade do Evangelho, ABU Editora, p. 105).
Gostaria de terminar esta reflexão com uma bela e antiga oração
utilizada antes da leitura das Escrituras (citada por Paul Freston em
Nem monge nem executivo, Ed. Ultimato, p. 8):
“Senhor, faze brilhar em nossos corações a luz incorrupta do teu
divino conhecimento, e abre os olhos da nossa mente à compreensão do teu
evangelho. Implanta em nós o temor dos teus mandamentos, para que
sigamos um modo espiritual de viver, pensando e fazendo todas as coisas
de maneira agradável a ti”.
Amém.
Reinaldo Percinoto Junior
Secretário Geral da ABUB
Secretário Geral da ABUB